sexta-feira, julho 01, 2016

De onze em onze (outra vez)

Aos 11, morava por cima da estação dos CTT, andava no colégio, não ía para a praia nas férias por causa da poupança para construir a casa (naquele tempo os empréstimos obtinham-se na família porque uma hipoteca da casa era a vergonha social)
Aos 22, já estava casado, uma filha pequena (outra viria encantar-me um ano depois), vivia em Campolide, quase a acabar o curso, part-time nos CTT (não era a colar selos)
Aos 33, outra vez casado, T1 na Graça, mais um bébé, um rapaz, a ver os eléctricos a passar, trabalhava na ferrugem (também faziam comboios em inox)
Aos 44, definitivamente ajuntado, outro menino, bem comportado, apartamento desafogado no Infantado, andava pelas feiras (nada que se compare com ciganos)
Aos 55, ajuntamento continuado, prometendo eternizar-se, “chalet” na Ponte, mais uma menina rabina, metido em engenharias (aspirando a empresário)
Aos 66, casamento confirmado, piscina no quintal, “duplex” no Algarve, cinco netos de três filhos, um joelho novo, a passear de mercedes (com a reforma à vista)

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