terça-feira, janeiro 31, 2006

Os Primos


Há 30 anos eram assim os primos. Junto à antiga casa de uns e nova casa de outros, atrás o R4 expectante, estavam de partida para um pic-nic.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

O mundo visto do Colombo - Lá fora a neve caía

Estávamos a almoçar junto à janela e de repente começou a nevar. Será um bom presságio? Já temos muitos BMW's, autoestradas com neve, a nossa classe média até vai de férias na época do ski, o que nos falta para sermos desenvolvidos?!...

Entretanto fiquemos com o que nos diz alguma coisa:

Balada da neve

Batem leve, levemente,
como quem chama por mim.
Será chuva? Será gente?
Gente não é, certamente
e a chuva não bate assim.

É talvez a ventania:
mas há pouco, há poucochinho,
nem uma agulha bulia
na quieta melancolia
dos pinheiros do caminho...

Quem bate, assim, levemente,
com tão estranha leveza,
que mal se ouve, mal se sente?
Não é chuva, nem é gente,
nem é vento com certeza.

Fui ver. A neve caía
do azul cinzento do céu,
branca e leve, branca e fria...
- Há quanto tempo a não via!
E que saudades, Deus meu!

Olho-a através da vidraça.
Pôs tudo da cor do linho.
Passa gente e, quando passa,
os passos imprime e traça
na brancura do caminho...

Fico olhando esses sinais
da pobre gente que avança,
e noto, por entre os mais,
os traços miniaturais
duns pezitos de criança...

E descalcinhos, doridos...
a neve deixa inda vê-los,
primeiro, bem definidos,
depois, em sulcos compridos,
porque não podia erguê-los!...

E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim,
fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
- e cai no meu coração

Que quem já é pecador
sofra tormentos, enfim!
Mas as crianças, Senhor,
porque lhes dais tanta dor?!...
Porque padecem assim?!...

Augusto Gil, Luar de Janeiro

sexta-feira, janeiro 27, 2006

E vão dois...

... dentes fora! Este meteu anestesia, alicate, etc. Coitada dela deitada na cadeira a fazer-se forte rodeada de curiosos a assistir. Não chorou nem nada. A receita era: "Fecha os olhos e abre a boca, só abres os olhos quando eu (o médico) disser." Resultou! Se bem que todos tivéssemos visto os olhos a abrir quando a grande seringa operava na gengiva já insensível do gel com sabor a framboesa.
À noite enquanto dobrava minuciosamente a nota de 5 euros, que vai resultar da transformação do dente por obra da fada dos dentes, e cujo destino vai ser a barriga do porquinho, estava a pensar que estas minhas crianças desde as primeiras vacinas são do estilo antes quebrar do que torcer, a fazer lembrar as de outras eras.

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Está tudo pendurado?

"A mãe está a deixar tudo pendurado!" diz a mais pequena ao fim do dia quando espera que a mãe chegue a casa. Parece que um dia destes ao telefone a mãe tinha dito que ia mais cedo "mas ia deixar aquilo tudo pendurado". Não consigo imaginar o que aquela cabecinha pode imaginar ao dizer aquilo mas calculo que pensa que a mãe, ao fim da tarde resolve pendurar os papéis na corda da roupa lá do ministério e se vem embora.
Aliás um dia destes tinha desabafado: "Ó mãe não me compres mais roupa (nos saldos) porque assim nunca mais chegas ao fim do cesto (da roupa suja)". Isto veio na sequência de ter presenciado um suspiro maior da mãe, que raramente consegue ver o fundo ao referido cesto.
Portanto, digo eu, no trabalho da mãe há um grande cesto, uma máquina industrial de lavar (papéis?) e um grande estendal. De facto a realidade não é muito diferente. Ficamos é nós todos pendurados no pau da roupa!

sexta-feira, janeiro 20, 2006

À mesa este Natal


Estavam como de costume outras toalhas da Avó.

As Avós


São instituições de referência nas nossas vidas. As quatro avós dos meus filhos foram e são de uma dedicação inexcedível. Temo que as novas gerações não tenham o aconchego de uma Avó ali ao lado para os receber quando vêm da escola ou para lhes dar o remédio e o almoço quando ficam em casa doentes, a torradinha, a dedicação, a desarrumação autorizada, a preocupação, os arranjos, a paciência que os pais não têm, o jantar feito, “tem sempre gente em casa?...”.
Às vezes escapa-me uma avaliação completa da qualidade de vida que se tem quando está uma Avó por perto. Só quando ouço qualquer frase solta: “Não tenho a quem deixar as crianças nas férias da escola...” ou “Tenho o miúdo doente e não posso ir trabalhar...”.
Tão distraído, e com tanta sorte, como à mesa sobre obras de arte que levaram horas a fazer e em que só reparo um dia quando ao estender a toalha uma luz especial lhe faz ressaltar a cor dos bordados para a fotografia, e os remorsos por tanta falta de atenção.